sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Quinta-feira é o dia da saudade?


Acordei sentindo umas que duraram mais do que eu gostaria. Saudade de amanheceres recentes. Espantei com café e leitura do zine da Camila Puni tão sábia. Enquanto lia e a angústia dissolvia, percebi um movimentinho na varanda. Era uma borboletinha cinza despertando-me ao universo além: um passarinho no galho da pequena árvore aqui de casa! Fiquei pasma. Meio pardal, meio canário. O peito era amarelo? Pularicou e bebeu da água da flor de plástico. Sei que não é exatamente bom. Mas refrescou-lhe o bico e partiu. Sua visita breve e feliz (como a vida) pausou o tempo por um instante e dois finos rios lavaram-se meus olhos. Sorri rindo agradecida. Agora penso ser talvez isso a gratidão.
Quando retomei, minutos após trabalhar, a leitura, visitou-me um beija-flor. No mesmo bebedouro preso perto da árvore.
Minha varanda tem tela de gato. O passarinho tava cá dentro. E deixou um sorriso em sol dentro do peito.
Senti o mesmo quando recebi esta foto - da prima do cantinho, Ana Lamha - de uma infância com nossa bisavó portuguesa! Angelina Secco. Esse nome tão bonito, que já usei em pseudônimo de concurso literário. Vovó Ína, vizinha de muro, chamava minha mãe de rrrusely, tinha um papagaio que cantava ilariê, tinha jeito firme, oferecia rosquinhas e adorava que minha irmã era chegada no batom vermelho e nuns tamancos.

Poderia dizer também da impressão que tenho/temos com fotos da infância. É tão redescobrir-se. Minha memória é fraca. Não lembro nada deste dia. Mas ver-me outra e eu mesma ali, me faz sorrir de saber-me assim, nesta trajetória misteriosa chamada vida, existir.

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Escrito em fevereiro, era quinta-feira, 2017.

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