quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

da noite passada

sensitiva?
neurótica?
não sei.
só sei que dói
supor.
menos evoluída do que pensava(mos).
Ainda faltam algumas encarnações por vir.
a nós dois.
três.

entrevista

Ano de solidão?
Ah, claro.
Sem falar nas abobrinhas.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

concha de corazón

húmeda. 
concha de corazón de criatura humana, 
corazón que es un pequeño bebé inconsolable.
alejandra pizarnik


así que no nací en el mar
pero la sangre en mis venas sí
ahí pronto descubrí:
mi cuerpo es concha, mi alma es sal.

no hay distinción
no hay sexo
solamente una concha
que solo se puede abrir con amor
es la única llave
la única clave
para abrirme
a mí misma

ave salada
en la playa me siento
cuando en la playa estoy
soy

si te acercas del borde
me sorbe
en beso
si zambulles
una pérola
qué buscar
a mano
- y saliva

pues que tanta tierra hay
que si no mojas
el viento me lleva
cierra ojos
y vuelo a pelos

si lloro es que me encanta la pesca
me hago carnada de tu deseo

mil novecentos ochenta y cuatro
fantasías, olas, pez
asfixia, manos, bebés
no hay esquinas

en la arena
la máquina escribe
a mano
a piel
en el aire
no escribo sola
mi nena adentro es sensible sirena
y te invita 
sin verguenza
sin razón
tengo concha de corazón.




domingo, 8 de dezembro de 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

noite carioca - ana cristina césar


diálogo de surdos, não:
amistoso no frio.
atravanco na contramão
suspiros no contrafluxo
te apresento a mulher mais discreta do mundo:
essa que não tem nenhum segredo.

sábado, 30 de novembro de 2013

pela minha lei a gente era obrigado a ser.

era uma vez um país
ela tão linda de se admirar
andava nua
num cavalo branco herói
eu era noite
provocante
toda nua
escondida
além das outras três.

pelas noites suburbanas 
a gente era obrigado a ser feliz.



capítulo III do livreto-zine "pequeno guia da saudade antecipada"
parceria com chico buarque & fausto fawcett
porque não?

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

boca de vino

no podia besarla
porque tenia lábios de vino
tu manzana prohibida
el pacado tuyo
en los lábios míos.
cólera
coleira
cólica
cócegas
córrego
carrego
colegas
escorrega
rega
corre
ego
go!

lance

ver-te
ver a gente
equilibra-me
vértice meu
vertigem

é bom ver-te
quando em vez

alegra
mergulho
é preciso

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

aline bot

*explicação abaixo da poesia. 
versos: em cima,  frases geradas pelo programa. embaixo, em negrito-itálico, minhas humildes observações (não menos aleatórias)
eis:


desperdiçando o meu mel devagarzinho, flor em 84.
(me resumiu. meu primeiro bot. eu nasci em 84)

meu vestido cor para esse rapaz sensível que emoção e...
(BUM)

haha disso eu
(perfect)

é surreal. fora cabral! abaixo os roncos dos amigos ruins?
(amigos e afins)

marcelo freixo falou pra parar de falar de agonía. Muchas veces me he perdido por el mar, como me pierdo en pleno invierno por razones de estricta pulimentada lógica, hay que ser inteligente. 
(era garcia lorca, virou louca. hay que ser)

vc já reparou que a algumas pessoas, alguém surge com A cada debate ele vai entender tudo estava tristonha.
(vai)

rsrs mas ninguém nem sequer pressente é uma vida minha? 
(no creeeo)

me manda uma atenção é tão profundamente. Por isso transferi meu nome Xê eu 
(como entender?)
(sê inteiro - portenho lendo pessoa)

Aos 11 anos, participava de programas de lidar com o
(só deus sabe)

cabo frio, o
(ô!)

Casi nadie lo abstracto. La suma de los países enquanto você é mil vezes invisíveis que vc que parecia vitima de fuxico e
(vítima de fuxico em portunhol abstração)

um caderninho meu.rs digo pq de revistas eletrônicas!
(rs)

aqui nao foi só que a revista Fonfon lançou em família, seus filhotes, muita força! <3 div="">
(que porra de revista é essa? e faz o coraçãozinho)

É sempre que lembrar que mudou minha memória que é mentira!
(óbvio. fim)

apesar de você, amanhã há de ser resolvido mas..voltemos ao fim. fausto via Anna B.
(aí sim, fim.)



*bot é um aplicativo maluco do facebook.
eu, que fiquei uma semana off, não entendi nada quando amigos me marcaram e compartilhavam frases sem nexo. 
uns no nexo, outros no sexo.
o que é isso? perguntei pra ele. 
não sei, entende e me explica?
não deu tempo.
hoje, para des-trair (escrevi errado mas achei interessante depois), fui ver qual é. parece que ele, o aplicativo, embaralha aleatoriamente palavras que você já escreveu pelo facebook afora eu vou bem sozinha levar esses.
tipo assim.
como não amar?
eu adoro ouvir músicas no modo aleatório (agora vai sobrar espaço na pasta do celular).
adoro brincadeiras com palavras.
adoro "escrita de si".
eu fazia parte de uma comunidade no orkut chamada "mudo de assunto, gosto de azul".
você fica bem de azul, você gosta né? ele disse.
e passei a gostar mais.
bobas somos, as mulheres de antenas.
e a calça azul fez mesmo sucesso. uma senhora no café, senhora mesmo, me perguntou, eu cheia de malas saindo da pousada na qual madrugara aquela última (!) noite: onde você comprou essa calça? veste muito bem, é linda. ela disse em espanhol. e demorei um pouco a entender. ela disse que tentou ler a etiqueta. opção, palavra brasileira.
e agora, qual é a opção?
sê são.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

domingo, 3 de novembro de 2013

ponto supra externo II

um sorriso tão doce
sabia
ao telefone a confirmação em ndhaoemdhcs* voz
fazia tanto calor
ela chegou feito uma aparição
oásis
não se fazia discreta
a casa tem o pé direito alto
ela cabia
cabia tão bem naquela casa onde nunca mais voltara
mas até entonces nada disso se sabia
nada de nada
de nadica.

fazia tanto calor naquele verão carioca
era verão?
acho que não.
primavera.
um ano
por favor silêncio que já vamos começar
eu sei abrir garrafa de vinho sem sacarrolha
mas fazia tanto calor
toda atenção era pouca já que o filme não podia voltar
você anotou a mesma frase que eu
essa que ele disse de arrancar o coração?
virou canção?

entardecia e ela sentou-se à varanda
à vontade
ao violão desafinado
mirávamos todos assim babando
assim sorrindo
eu achava a cena linda
a mudança de cores
merecia fotografar
assim, para registrar
assim, para quando eu esquecesse
mas eu estava paralizada
eu achava a cena linda
e só pensava que eu queria que não tivesse fim
que se repetisse mais vezes
sempre

como pode três por cento de pele causar tanto frisson?
a perna doía da madeira
da posição
mas era proibida de desfazer-se do apoio ao pescoço dela
as mãos proibidas de afagar
fecha os olhos e imagina
um carinho
o tal trançar
como pode, três por cento?
mas é que se tratava de uma pele de espécie muito especial.
animal de raça nobre
de porte
selvagem
mais rara beleza.

que difícil é sair de um filme depois que ele acaba.


* pois que ainda não descobri a palavra que defina a voz que dela sai, já lhe disse veludo, já tentei tantas vezes imitar, é muito única, muito sua, muito dentro, muito envolvente, muito mergulho dentro do mar de arraial do cabo, mas quente. é isso. voz-de-mergulho-em-arraial-do-cabo-quente
(ficou antônimo de cabo frio)

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

duas e trinta e sete da manhã, três e trinta e sete no brasil, menos no acre (quer dizer*)

é noite
a casa estala
tudo nela escreve
tudo nela grita
eu juro esse duende ontem não estava ali
uma colher de dulce de leche e tudo está resolvido
não quero engordar
que bobagem essa prisão do corpo
amo corpo
a cama estica os membros
o professor diz quer que deixe mais leve
não
respondo
a parte externa da coxa dói
cada dia dói um pouco
um cado de mim
outro dia as mãos
ontem o peito
hoje a cabeça
minto
estou leve
quem pesa é o corpo
emagreci um quilo
tenho medo de me pesar outra vez
que bonito a professora mora numa casa
casa mesmo
não apartamento
descobri o terraço do prédio
mas ponho a chave sempre no bolso por medo de
não tenho medo da morte
mas por favor não quero morrer
deixa eu viver mais
ei, você
não vai embora não
somar é sonho futuro
eu quero uma casa no campo onde eu possa criar
filhos
poemas
amores
vem e são
eu queria só uma noite mais
só uma
mentira
eu queria a vida inteira
uma vida
às vezes eu acho que estou escrevendo o melhor poema da minha vida
mas quem se preocupa com a minha
ei, não chora
eu tô aqui
comigo
consigo
será
onde estão aqueles abraços todos
sou epitelial
a falta de abraços é a parte mais difícil dessa viagem
gosto de dormir junto
ainda que todos os rosarinos sorriam
gosto de dançar junto
ainda que todos os rosarinos compartilhem o mate
há mais insetos do que sonha nossa vã
engraçado aqui não tem kombi
van
nada
mas tudo
faz frio mas eu gosto de dormir sem roupa
poemas longos são engarrafamentos de palavras
só que prazeroso
sem choro
só gozo
a gripe sempre compensa a noite estrelada
o contrário.


http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2013/10/horario-de-verao-comeca-na-madrugada-de-sabado-para-domingo

"Com a mudança, o Brasil passa a ter três fusos-horários:

0h: as regiões Sul e Sudeste, mais o estado de Goiás, adotam a mesma hora de Brasília durante o horário de verão;

1h: os estados do Nordeste (inclusive Bahia), Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul continuam com uma hora a menos em relação ao horário de Brasília. Isso porque Mato Grosso e Mato Grosso do Sul já têm uma hora a menos do que Brasília e os estados do Norte e Nordeste não aderem ao horário de verão.

2h: os estados do Acre, Amazonas, Roraima e Rondônia ficam duas horas atrás do horário de Brasília.

O horário de verão termina em 16 de fevereiro, quando os relógios deverão ser atrasados em uma hora."

AMO anagrama. Eis meus nomes:

Linda amém ira
Linda amém ria

Radial menina
ainda mineral
ainda milenar

Da linear mina
da menina rali
da menina lira 

Maneira linda
narina dilema
melada nina ri
alarme da nini
ainda mina ler

Ala mar de nini
nada nela mi ri
da era nina mil
Ideal nina mar
dilema nina ar
Dama real nini.

Anal dia nem ir
Dar menina ali
dali menina ar
madre ali nina
drama ela nini
nada linear mi.

para brincar: http://wordsmith.org/anagram/advanced.html

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

pequenas amazonas

as meninas cedo limpam os peixes
suas mãos pequenas
grandes as facas
afiadas
os olhos apertados da luz
do sol
os pés molhados vestindo havaianas coloridas
a panela apoiada no chão
enchendo-se de peixes
e suor
e sonhos.

a pequena índia vem no colo
fantasiada de anjo de procissão
o macaco brinca na cabeça do menino
e seu rabo parece o cabelo da criança
índio-argentino

os olhos são como os de todas as crianças
curiosos
as bocas são como as de todas as crianças
meladas
os pés são como os de todas as crianças
sujos

passa a moreninha de olhos miúdos
vende bananas
pequenas barriguinhas em palafitas
a roupa é pouca
a alegria é muita
a sabedoria infinita

foto acervo meri damaceno
foto acervo meri damaceno

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

fui uma criança tímida

fui uma criança tímida. mas, tendo intimidade, fazia lá minhas graças.
minha avó diz que eu adorava imitar a morte novelística da odete roitman: encostava as costas na parede, fazia uma careta qualquer e ia escorregando devagarzinho até o chão. eu fazia sempre. sempre ela ria.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

trecho do diário

(...)
mas a vida surpreende, caro internetexpectador.
a vida expectora
sacode os próprios conceitos
extrapola
põe tudo de ponta cabeça
e te manda embora.
(...)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

viagem

sensação esquisita é partir
sensação esquisita é chegar
desafio é prosseguir
despedir é libertar.

río largo

é claro que é cloro
nos cabelos
tuas mãos
no colo
arrepio
coro
corro e deságuo
em cloro

sábado, 21 de setembro de 2013

diurna astrofagia

À noite, ela ingressa em Touro para acalmar toda urgência.

disse maína

disse maria
disse a moita
a morte
a muda
mudança
o medo
gemido
aflito
fito
os olhos
os alhos
fritos.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

mistura

um corpo que dorme
é apenas um corpo que dorme
não importa seu sexo
sua idade
sua cor
a quantidade de pelos
o tamanho
o peso.

um corpo que dorme
é bonito porque dorme
é bonito porque sonha
porque respira
se arrepia
vibra
tem calafrios
se mexe
pisca.

o corpo que dorme encontra a morte
o corpo que o zela encontra a vida

anoitecem

a luz do dia 
cega
força a despedida.


leia a poesia 9 de gonçalo m. tavares.
eu li.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

pequeno congestionamento perto do sambódromo.
motivo: cio.
quatro cachorros cortejam uma dama canina no meio da rua.
apenas.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

a menor mulher do mundo (dele)

E eis que ela ficou pequenininha
a ponto de caber inteira em uma boca
afinal fora feita para tal
ficou ali, agarrada à língua dele
abraçando-a com braços e pernas
suas pequeninas pernas e seus finíssimos braços

se escondendo nos cantos, sob bochechas, quando ele saía em público
para que ninguém a visse em sua boca

pois que essa coisa de tara a gente não escolhe
simplesmente deseja
sente

playmobil em dezenas amarravam o gulliver criança que foi
cordas e tamanhos
sonhos
secretos
então revelados

o que você realizaria se pudesse imaginar uma verdade?

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

amarelo e azul

bela manhã de sol
a pele ardia em fogo
distante da casa fria

pele gélida pedindo calor
pele quente pedindo água

nadar
voar
dançar em blue
boiar
sentir o corpo livre na atmosfera líquida
dormir ao sol
entregar-se

onde está agora a luz?
envolta tudo escurece.

a gente olha agora pela janela e vê o breu.
"o que vejo é o beco"

quarta-feira, 31 de julho de 2013

ponto supra externo

terra folha ponto e pinta
filmão
filma o pé com os olhos
chora
apoia a cabeça nos joelhos dela
cinema mudo
no ar
comanda as mãos para carinho
desobedecem
paralisadas
o sol se pondo
calor
oi
você vem sempre...
venha sempre
nunca mais foi.


(postado no site TremaLiteratura com o seguinte itálico do editor: "Aline Miranda é como aquela menininha de Peixe Grande que rouba os sapatos do viajante para que ele não vá embora.")

pois.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

luz-cidez

eu não durmo
fecho os olhos
eu te vejo
eu levanto
quero beijo
ligo então o chuveiro.

eu me deito
eu desperto
eu não sonho
eu levanto
quero cheiro
caminho então, madrugada.

 


o mar me vê
na areia me deito
frisson refresca
vento me carrega
o mar me embala
mergulho então, em você dentro.

terça-feira, 16 de julho de 2013

durmo abraçada à tua coxa

onde o vento faz a curva /
na serra pelada /
de um deserto tão distante /
do tempo /
que atravessa /
que machuca /
que corta /
cega e executa.

sábado, 6 de julho de 2013

poema interminável

terça
acordo
desteço o sonho
há cordas
no pescoço
e pulsos.

quarta
amanheço
(um vulto)
rosto e pulso
de terça.

quinta
nasce o dia
(não durmo)
sou lua
em cobertas
cortina de luz.

sexta
contamino
a escrita
no tecido
avesso
...


Aline Miranda / Ana Salek

segunda-feira, 1 de julho de 2013

sexta-feira, 28 de junho de 2013

domingo, 23 de junho de 2013

sábado, 22 de junho de 2013

da fábula

mal acordava, a formiga já comia suas folhas.
rasgava-as com delicadeza forte, 
garfo e faca sobre o prato.
a formiga não parava.
trabalho, trabalho, trabalho.
sorte da formiga que o interior dela era cigarra.

terça-feira, 18 de junho de 2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

segunda-feira, 10 de junho de 2013

dos ojos, una mirada

almas-gêmeas há aos montes por aí.
conexões verdadeiras são mais:
são almas-gêmeas astrais.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

micro - III

tão cedo amanhecia
o sol cobrindo o céu
no filete d'água da pia
corria o coração de papel.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

à nobre rainha

quantas moças
(e alguns rapazes, sei também)
sonhariam com seu posto
e no entanto
o renegas

a coroa que lhe dei
feita de flores e versos
metrificada para caber
somente entre suas
doces orelhas

o manto listrado
(feito minha bolsa
seu edredom)
com o qual cobri seu corpo
do frio
e da solidão do entardecer
em casa.

abdicaste de seu título
rainha

mas seu sorriso-sol
estrela do mar
do meu peito
sempre será rei.


sexta-feira, 31 de maio de 2013

cep corpus

chacal me obriga a bater
mas sou moça frágil
sou da paz, seu moço

sou do interior
não mato abelha
formiga
ou ex-namorada

só apanho
oh, drama
minha força eu desconto
à máquina


foto de daniele rodrigues, merci. ontem, no cep. chacal, merci.
merci pedro rocha, domingos, ana righi, gabi brandão, adiron
e todos que foram até mim e levaram meus poemas para casa.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

trânsito astro(não)lógico

Toda azul tua presença,
(Magdalena),

     Rodoviária. Cinco. Saens Peña. Lapa. Dois. Laranjeiras. Central. Dois. P. do Flamengo. Urca. Expresso.
     Passam os ônibus na longa Jardim Botânico. Refresco-me. Saravá!
     Tantos Rodoviária devem ser um sinal de que preciso viajar. Procuro sinais. Procurei pintas. Daria para desenhar treze constelações astrais no teu corpo, cometa.
     Os Voluntários dessa Pátria, o que ganham se chegam ao céu? Das vezes que me levastes lá, éramos todos voluntários experimentais em busca de aventura, suor, prazer (e afeto, eu).
     As três marias viraram poeira. Mas as partículas se entrelaçaram para sempre. No espaço (com o vento, com o tempo) formam nuvens. E quando o destino (se) assim o quiser, choverá. Ojalá!

tantos beijos,
(ainda que para mim não suficientes)
Carmen.


terça-feira, 28 de maio de 2013

mulher-fruta

minhas mãos e cabeça são processador.
sou uma laranja mecânica.
espremo-me em versos.

fónzinho

boca já sangrava do frio
palavras.
verdades?
calor no peito
dor de barriga
recuerdos coloridos
frio repentino

a vida segue sempre um destino
momentos.
escolhas?
alguma lágrima
algum sorriso
banho com trilha sonora
e depois dormir mansinho.

o caminhão já passou
é hora do anjos se despedirem.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

automne ardent

como dividir-se corpo e mente entre cometa e sol se a poeira os afastara em longo outono?
a que boca oferecer-se fruto?
o cavalo corria solto, praia, as mãos atadas sonhavam crina.
a sereia em outro lago
lado tão distante ao seu.
ainda podia sentir o eco de seu chamado de outrora
queimar-lhe peito, ferir-lhe bocas.
desalinho, corpo inverno sem cobertas.
mas sentia fogo.
água? mera ilusão juvenil.
era preciso terra.
terras!
sobre sob junto pelos lados.
do grão úmido da chuva,
sabia,
a mais forte colheita.

domingo, 26 de maio de 2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

você é muito boa

texto que achei perdido, escrito provavelmente em uma madrugada qualquer. de certo não tenho certeza se eu mesma escrevi. creio que sim. mas se for seu, manifeste-se, please.



Você é muito boa.
Boa para mim.
Para mim comer, para mim fazer.

É muito boa.
Até demais para alguém como eu.
Sem apreço pela vida, sem ânimo para foder.

É boa, boa até!
Até dizer chega
Pedindo não me deixe assim tão só.

Boa para mim,
Tão boa
Que chego a pensar que não existes.

Boa como um sonho de verão.

terça-feira, 7 de maio de 2013

som ao (meu) redor

a janela batia, batia,
a água evaporava 
sozinha 
no fogão da cozinha, 
na rua a porta de um carro 
batia. 
à porta quem batia? 
vazia, vazia...

de conju(l)gar pessoas

eu li,
você lê.
eles passarão,
nós passarinhos.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

um lugar chamado
not news.

mentira.
é só pra fazer poesia.

deslumbre imperial

de samuel herdara o ouro
em barba
legado físico
de raiz
notado após a idade crescida
camuflagem neandertal para as matas cariocas
desce a serra
em quatro rodas
pequenas
sob uma madeira plana
sucessão incansável
crescia
a cada prestobarba
a cada dia
diante do espelho frio
da fotografia
reluzia
corpo esticado
ao sol
na areia fina


versos para carolina


quinta-feira, 25 de abril de 2013

da não revelação


não perdi-me entre pintas e pernas
confundindo peitos ancas axilas

não beijei-a violentamente
mordendo-lhe a boca ao sugo
faltando-lhe o ar

não toquei seus lábios quentes
com a delicadeza do fazer-se pérola

não baguncei-lhe os cabelos
roçando-me em costas nucas

não comi-lhe a linda barriga
não farejei dos pés à cabeça

não dancei sobre seu corpo
não corri selvagem com os lobos

não cuspi não chorei não sorri
evitei o olhar o maior tempo que pude

temi

não queria ao final
roubar-lhe a caça de ti.

marina azul

vi sua foto nova,
menina.
quando fizeres 30,
não hesita,
me liga.

terça-feira, 16 de abril de 2013

da constatação

e de madrugada
para a nuca
enviando beijos
se constata:

à distância a covardia é válida.


 
tu as le tropique dans le sang et sur la peau

sexta-feira, 5 de abril de 2013

perto dela não sentia fome

perto dela não sentia fome
não sentia o frio dos pingos.
mas era despedir-me
para sentir estômago roncar
e o peito arrepiar.

perto dela eu só tremia
suava, corava, gemia.
sem conseguir disfarçar sorriso
e desviando o olhar.

e o ônibus desliza pela noite carioca
humaitá
revelando o primeiro beijo noir.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

sábado, 30 de março de 2013

A Busca

Tanto verde
tanta gente
tanto interior
naquela tela tão grande
a sala escura e fresca.

Meu peito encheu-se em grito
sem poder gritar
meus cabelos pediram rio
sem poder mergulhar
meu corpo pediu: livre
sem poder dançar.

Fechei os olhos molhados
e vi a flor.
Soprei baixinho ao vento seu nome
cheio de cor.
Uma pétala me veio em brisa
toda embrionadinha em dor.

Senti-la murcha assim
fraquinha
deu um nó em meu pescoço
que disfarcei com palavras tolas
aos olhos grandes de fora.

De longe reguei seu vaso
alimentei-a com humo
e o colar da impotência
pesando-me a garganta.

Oh, flor, no outono confusa
com as folhas que caem.
Logo chega a primavera
e sabes que lama é também alma.

No jardim ou na floresta
há de desabrochar de novo
em lindas cores
leves tons
suave
sem ferrugem azul.

Descansa em sono profundo
sentido-se toda plainar.
Consolo de rede
em colos
mãos em suave trançar.


Borboleta é pétala qu voa,
escreveu Clarice, pois.
Mariposita amiga,
guarda-te em teu casulo
para o breve metamorfasear.

estratégia

pra não parecer
 exagero
a gente diz que é
 poesia.

sábado, 23 de março de 2013

você está exclamando, marília

eu havia dito:
não há você nessas fotos.
você olhou a parede:
no hay.

hoje olhei,
menti,
você está lá
pulsando em meu peito
como exclamação.

segunda-feira, 11 de março de 2013

FIZ SURAS

Nas costas corria um rio
de suor do caminho
em sol
[maior.

O rosto enfermo cora
coraline
corraline
que já é passada a hora.

A porta vai se fechando
vai-se
esvai-se em fissuras
tão mínimas

que você mesma ajudou a fazer.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Hay Day

tenho sete galinhas
cinco vacas
e três ovelhas.
aqui porcos não morrem
emagrecem.

a cada sete horas
consigo três novelos de lã.
juntei dezesseis mil
e consertei meu píer.
agora cargueiros me visitam.

antes de dormir
deixo tudo preparado para o dia seguinte:
manteiga, pipoca apimentada,
torta de framboesa e toucas de lã azuis -
- azul da minha plantação de índigo.

agora não há mais nada.
não há tintura
não há colheita
não há píer
não há fazenda.

acabou a bateria do meu celular.

Bárbara Secco 
(e pequena contribuição de 
Aline Miranda)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

peitos de veraneio

vagueio de saia e sem blusa pela casa
corpo ao natural
faz muito calor
me sinto uma índia velha e gorda
mas uma índia
e essa alegria de sê-la
espanta qualquer vaidade
ou pudor.

2013


1920

2006


2013


2010






sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

pra nunca mais

como uma rápida facada
na cabeça
assim ela descrevia a dor

instantes-segundos de tortura
eu sem poder
olhos d'água
mãos tentando cobrir
o choque injusto
minhas mãos atadas sobre o colo
no banco de trás

quantas vezes voltaria
o pavor ao crânio dela?

cruel roleta-russa
dardo fantasma a atacar
queria ser escudo
como proteger
e evitar?

a flecha não avisava chegada
tomando banho
dormindo
no cinema
no gozo
lavando louça
no banco do ônibus cruzando o flamengo

quisera segurar-lhe a cabeça
com ela
apertar o corpo junto
ostra
abraçar
beijar-lhe toda depois
concha
carinhar

mas as mãos sobre o colo no banco de trás.

PALAVRAS, Uma foto em mil

[escrito em foto achada (surpresa!), perdida, sozinha, em uma pasta chamada "rascunho" do email, datando 2009]

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

letrinha sem música

aline miranda seco ferreira
subiu a ladeira
e fechou a torneira

não saboreou
nem um tiquinho
do meu amor

não quis vir me ver
do bairro desdenhou
pediu um copo d´água
depois me entornou

mal sabe ela não sabe
que o mundo gira em vão
da vida ela não sabe
que eu sou sua cama e pão
wave, sambinha bom
desafinado coração
de papelão

chorei, ela perdoou
cantei, ela desaguou
menti e ela fingindo
beijou e acreditou

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

mil cafunés

quando alguém está doente e se diz "dodói" ou "doentinha" é porque precisa de:
aconchego
água gelada na cama
vento fresco 
colo
cafuné.

Tu és manjar de reis
Dos mais finos canapés
Mas agora é minha vez
De te fazer mil cafunés
Quero a tua nudez
Da cabeça aos pés
Quero que sem timidez
Tu chupes picolés
Quero que tu me dês
Tudo que tu és


domingo, 17 de fevereiro de 2013

dialogue imaginarium

sabe, as pessoas são humanas. sim, até os mitos, caroline. 
- disse ele nesse diálogo imaginário que acabei de criar.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

gerundiando

eu tinha o poder de ver através de seus olhos
meio verdes, meio assim não sei que cor.
tantas delas nesse tom.

tom feito para perder-se.
arder
e morrer.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

novelyña

a ponte ruyu
o syno tocou

a estrela sorryu
o que a terra lygou

a dystâncya mentyu
o que o álcool revelou

o coração sentyu
o ymaturo apagou


a concha servyu
e a antyga contou


fez da poeyra pedra
e o pesadelo fundou.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

do flash 2

Ela1 ouviu um barulho e acordou sem abrir os olhos.
Escutou a porta do quarto gemer e a voz de Ela2 a despertar-lhe:
- Eiiii... tá acordada?
E diante da sua afirmativa com o polegar -continuava deitava de bruços na cama, sem mover-se - ouviu a outra rir:
- Sério, tá todo mundo acordado, só falta você.
Silênco absoluto na casa, entrecortado por grilos e sapos, talvez.
Ela1 levantou o rosto do travesseiro e olhou a janela: breu:
- Looooooooooouca, tá escuro, não tem ninguém de pé. É insônia, é?
- Também. Me faz companhia?
- Se você conseguir me acordar...
E sente o edredom passando por seu corpo, deixando-o com frio. Ela2 o puxara.
Encolheu-se abraçando o travesseiro a esconder o rosto que sorria, fazendo certo charme na voz:
- Assim não, né?
Sente um peso no canto da cama e de repente uma lambida suave na parte de trás do joelho:
_ Assim?
Ela1 vira-se, toda em sorrisos.


primeiro flash em: http://diariodeumaescritorapreguicosa.blogspot.com.br/2012/10/do-flash.html

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

caiu na rede é peixe

ela tem uns olhos assim
com umas olheiras assim
espremidinhos assim
que me deixam assim
a cada foto nova colocada em rede virtual.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

do jogo

eu odeio joguinhos
mas com você
tenho que fazer
pois se eu for eu
você não vai querer.

ai caramba carambola caramujo cambalacho
ai caveira casca dura cascavel e rapadura.


trilha sonora: http://www.youtube.com/watch?v=yKV2WdyyCQw
rarara

sábado, 26 de janeiro de 2013

Magdalena I

Magdalena
tinha mirada forte
um olhar de contorno brilhante
delineado
esverdeado
que me penetrava.
Precisava forçar-me séria
para o sorriso não soltar-se
a trair-me.
Mas atrás do copo de cerveja
ela me olhava
(não havia mais ninguém a não
ser os homens velhos
que ainda restavam no bar
oferecendo-nos bebidas).
Ela chamava atenção
acentuada com um lenço
na cabeça
nenhum fio se rebelando
e o rosto forte
imponente.
Não havia nada na mesa
a não ser a cerveja.
Nenhuma distração.
Na rua parou um carro
de polícia
piscava luzes
_ Você parece boate,
ela disse.
E olhava fixo.
Eu,
que me achava tão segura
me via ali,
aberta, vulnerável.
Onde estariam meus anticorpos
que não trabalhavam?
Pára de me olhar assim,
eu dizia,
tapando-lhe levemente
os olhos
em brincadeira.
Ela sorria.
Eu a tocara.
(Em verdade já antes:
cheguei de táxi, chovia
eu molhada
ela me esperava
percebi-a de longe
- míope guarda trejeitos -
atravessamos a rua em seu guarda-chuva
seu braço longo abraçava meus ombros
ela tocara-me.
tremia.)
Jamais lembrarei as palavras ditas
saídas como vômito
de algodão-doce
sem filtro
feito flechas
tentando cegar aqueles olhos de capitu
que me petrificavam
e me botavam a falar
como doida
ou criança com sono,
quizás.
Fechou-se o bar.
E aquela rua tão movimentada
de dia!
Parecia viagem
parecia outra cidade.
Sempre gostei do frescor e silêncio
da noite.
As ruas com poças
ainda da chuva.
Sombras coloridas nos olhos
um homem passa
um carro passa
um rato passa
não há ninguém além da noite
já começo de amanhã.

(continua..?)


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

do tremor da gruta fria

de súbito despertei
(de frio
de cerveja
de espumante
de imagens
de você)
os olhos PLÁ!
abriram
e aos segundos me situei
percebi-me quase nua
sem coberta
plainando ao lado do seu corpo em sono
(repito-me em versos)
tive receio que despertasses
(não sei o porquê).
horas antes eu não sentia-me em transe alcoólico
cabeça que não libera o corpo
de pronto.
despacito
levantei-me em blusa
meu peito frio
deixei aurora a dormir
não havia mais ninguém.
uma gata dormia na rede
outra acompanhou-me
até a geladeira
dois copos d'água
quatro mulheres em casa
cios e miados
silêncio e pão na janela
tentei distrair-me do álcool
agora tão tardiamente vivo
em mim.
voltei.
o quarto tão frio
você não parecia sentir
tentei a coberta
(notei que fechara as cortinas)
você dormia por cima dela
tão entregue
tão serena
que eu não podia acordá-la
(também por aquilo do receio).
sua presença
ainda que dormindo
me trazia insônia
mas eu precisava dormir
para não vê-la acordar.
consegui cobrir uma perna
a parte canhota do corpo tremia
pensei mudar de lado
mas o corpo cansado
aconchegou-se
delicadamente
ao seu
e dormiu.
dormiu que só o notei
quando do outro acordar
(ainda não último).
mexemo-nos
aurora abraçou-me
com braços e cabelos
proibindo movimentos ao meu corpo
notei que estávamos agora
cobertas
não sei de certo quando
você nos aqueceu
pena,
não vi.
senti seu perfume
inebriou-me e desacordou-me.
acordaria uma hora mais tarde
sentindo-lhe desperta.
com receio de abrir os olhos
e saber,
abri.
(ou então,
pois não me lembro,
eu levantara outra vez
e dera de comer às fêmeas,
à caça em terreno desconhecido,
e retornando à gruta
presenciei-lhe abrir os olhos)
bom dia!
sorri sem disfarces
sem máscaras alcoólicas
deitei ao seu lado
para que não levantasses
pois que era o grande momento
(in)esperado: e depois?
e respondi-lhe junto às cigarras:
oito e meia.


trilha sonora: http://www.youtube.com/watch?v=6meCeevzWZo 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

aquariano astronauta aniversariante do dia

Era assim que eu o via
como um marinheiro
no entardecer
um barco vagando solitário
no mar
Dizia ter poucos amigos
não sentia precisar das
pessoas
Ainda assim amava
se preocupava
era carinhoso
Mas da fala não era rei.
Era assim que eu o via
aquariano astronauta
no espaço
Seu céu era o sítio
a grama
os cavalos
o silêncio
e o radinho de pilha.
(às vezes eu também precisava da solidão)
Calado
engraçado quando bebia
sempre me surpreendia
quando de mim algo
ele sabia.
Não há certezas de ser.
Cada homem é um mundo
que lhe é certo
que lhe é o bom.
Eu o admirava.
Pelo seu grande saber
pelos livros tantos que lia
pelas boas músicas e discos que ouvia.
Gosto do que lhe gosta.
Gosto-lhe por me sentir tão parecida a ele.
Tantas vezes me vejo igual
no ser, sentir e gostar.
Meu pai, de quem herdei
rosto, traços, gostos e jeitos.

texto que escrevi para meu amigo-oculto - natal 2012

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

do escrito no bloco de notas do celular de madrugada



Por um momento eu te ouvia.
E era só tua voz ao redor daquela janela fria.
Uma noite abafada.
Odeio calor mas achei bonito teu cabelo grudado
no rosto de suor.
Quis tirar.
Mas sabia do meu risco,
o perigo do toque.
Você falava.
Eu desejava tua boca
como
há tempos
não me hipnotizavam assim.
Meus olhos em tua boca querendo-a
na minha.
A vontade da tua pele
teu hálito
teu cheiro
e dor.
A vontade de fazê-la mais feliz.
Ad
(e aqui acho que adormeci)

domingo, 20 de janeiro de 2013

gramatica y insomnio

em espanhol Y é o elemento de ligação
acrescenta
se há um Y no texto é porque algo não está só
é par (no mínimo)
Y é companhia
Y é inverso a solidão
estrangeira
entre parênteses é ok
ípsilon, i griega, i grec
já disse que não gosto de letras que ultrapassem a linha do caderno
dependendo de quem escreve, Y ultrapassa
desce mas volta
ou não
ou nem desce
Y não se deixa descobrir o passo
Y me provoca com sua perna
por baixo
mas lhe gosto por seu sotaque
do espanhol ao tupi-guarani
tamoyo esporte clube de cabo frio
yakisoba, shoyo, yo
y su mamá también.
vovó quis embelezar:
Y no nome das filhas
minha mãe e madrinha.
a nova ortografia oficializou o Y na teoria
na prática ele sempre esteve em nós
em mim
Y,
externa
tão estrangeira
tão terra.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

sua cherry bomb

viagem de carro
chuva fina na estrada
em turnê
internacional

o automóvel está cheio
de sons
de beijos
de rostos tão conhecidos

acordar numa cama de hotel
com lençol no corpo
e patins nos pés

o vidro do carro pinta manchas
no colo e na testa
selvagens e sem sutiã

cherie
o amor é uma ampulheta
e se não nos detivermos?
que tal nós nos derretermos?

vorazes
todos
delirar é sobrevivência

a melhor cidade
da américa do sul
você tão precisa
você precisa

falando da vida
beijando virilha
nos preenchendo

os grandes espíritos se encontram
todo canalha é magro
nós não temos vergonha.






segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

memória medicinal I

sou difícil pra tomar remédio
uma época eu tomava vitamina
centrum
partia em três com uma faca
e bebia com iogurte
uma frescura só
na época do pré-vestibular
eu tomava um para memória
chamava memoriol
juro
minha mãe disse que desde bebê
fui fraquinha
imunidade baixa
toda hora doentinha
ela, jovem e em outra cidade
chorava, tadinha.
mamei pouco no peito.

domingo, 13 de janeiro de 2013

pq ela faz isso comigo? I

- desculpe, não dá, estou apaixonada por outro.
- então pare de encostar!
- mas é bom encostar.
(e a noite segue nessa dinâmica assim)

tema:
http://letras.mus.br/paula-toller/46798/

sábado, 12 de janeiro de 2013

a boazinha heim: parou a bicicleta para olhar o cais

parou a bicicleta para olhar o cais.
a vida girava em sua cabeça
por mais sereno que seu rosto parecesse
sabia que um encontro seria estarrecedor
ela sabia
nada podia fazer

(continua...)



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

da conclusão em vão

"eu nunca estive tão apaixonada"
um dia depois, uma nova paixão.
será o amor ilusão?

signos de terra tem pele sensível


passando a esponja pelo braço esquerdo
embaixo da água fria
senti doer
ali, perto do ombro
tirei a espuma
marca alguma
só a lembrança sensorial
da vacina
de uma mordida enjaulada.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

do bairro preferido


cada ruela deserta
cada trecho
chão em flor
a brisa
o papo nas cadeiras de praia na esquina da igreja
a praça serena
um homem apenas
o boteco exótiko
e o restaurante chique
o corredor de janelas azuis da eterna casa do príncipe
as casas sem muros
o bairro mais antigo
o cachorro que passa e olha
os tantos barquinhos do cais
não parece que o mundo parou
parece um refresco
o pescador tira a água do barco com um potinho
o senhor de blusa e sunga passa com seu boné, tênis e rede para pescar
não há barulhos
passa um jet ski
a moça de maiô está sendo fotografada
passo de bicicleta e ouço o radinho ligado em uma casa
tento mas não consigo ver seu interior
meu desejo é conhecer o interior dessas casas, dessas vidas
duas mulheres com adolescente meninas passam falando sobre gelatina
vão pegar o barco para atravessar para a ilha
logo as vozes estão longe
às vezes dá para atravessar andando
mas a maré está cheia e elas carregam coisas
seria bom um piquenique no cais
logo as vozes estão longe
o tempo não parou
só deu um respiro
passagem é o bairro da eterna siesta.


Passagem, Cabo Frio, 03 de janeiro de 2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

corte e costura


Tenho observado um coser.
Na pele do meu antebraço direito.
Há tempos tenho uma espécie de cravinho persistente.
Hora ou outra cismo em cutucar, tento içar com pinça, com o intuito de ver o buraquinho que fica. 
Mas acabo por ferir a pele toda ao redor.
Só noto depois.
É um ciclo-pacto entre mim e meu corpo.
E dias depois, eis que o milagre da pele começa a agir.
As bordas grudando como se costuradinhas, casquinha, e vermelhidão dando lugar ao rosado.
Tudo bem lentamente.
É vida.
Amo corpo.

pena a qualidade do celular ser tão ruim.
a poesia às vezes (tantas) não é ficção.
 e vejam que as linhas na ferida parecem formar um coração.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

hell p me

folhas verdes. folhas secas. folhas molhadas. verde-marrom-verde-marrom. formiga carrega semente redonda azul. água escorre. tempo não corre. cachoeira me socorre.

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