segunda-feira, 30 de maio de 2011

Do encontro ou O primeiro daquele casal

Entardecia.
A luz invadia o quarto pelas falhas da persiana semiaberta.
Segui a luz com os olhos até chegar a seus pés, os pés da cadeira, subir por sua perna, a barra branca do vestido, as mãos sobre o colo segurando o pequeno copo, e encontrar-me em seu olhar oblíquo.
Uma Capitu furtiva em meu quarto.
A flor da pele, do pelo, do álcool.
A conversa mole, a fala solta, as palavras sem sentido, só se ouvia o olhar.
Buscando-se, fugindo, pedindo.
A cachaça melada descendo doce e ardendo, deixando na boca um desejo.
Seria a força magnética ou o não estou te ouvindo bem, talvez. Mas percebi, pelo perfume, que se sentara ao meu lado. Quanto mais escurecia mais nos aproximávamos. Pra te ver melhor. Esse lobo...
Menos luz, menos culpa, mais encontro.
Seu olhar sob as sombras. Um filete de luz a iluminar seus lábios tão falantes, tela de cinema, foco na boca, iminência do Beijo. O coração palpita, todos já o sabem, é inevitável, tem vontade própria. O sonho, a espera pelo inesperado.
(Há certos momentos em que não podemos impedir um beijo).
Anoitecíamos junto ao dia.





Esse foi meu primeiro texto para a coluna do TremaLiteratura.
Aqui: do-encontro-ou-o-primeiro-daquele-casal 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

do amor platônico

O dia nascerá mais belo
quando em ti despertar tal frescor.
Como sabe o pássaro a flor certa a beijar?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

do frio.


“Essa madrugada foi a mais fria do ano no Rio...”
Procurei seu cheiro no pijama da noite passada.
Eu não tinha você pra me aquecer.

02/05/07

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Quadrinhas do Amor Carioquês

Menina do Grajaú,
meu sonho
é teu corpo nu.

Na Lapa
a vizinha
e seu porte de rainha.

Terra de deusas,
Niterói,
eu lembro e dói.

Boa moça, boa filha,
não se engane,
ela é da Ilha.

(...)

a versão completa irá ao ar dia 26/05, quinta-feira, na minha coluna quinzenal no site TremaLiteratura.com .

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Carpinejar pág 13

" Os mortos envelhecem
na eternidade.
Não os invejo.
tenho dentes para morder.


Diante do prado,
ardo imensa."

quinta-feira, 5 de maio de 2011

do cangote

um nome tão bonito
que por si só, já vale um
beijo.

se vier acompanhado por
um par de olhos azuis
merece um abraço também.
e pousado no ombro
um gato desenhado?
um afago.

quem não gostaria
de por uma noite
ser do gato dona,
ser alice de dinah?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

ob(s)ama

Nas primeiras horas de 2 de maio de 2011 você podia ler: "Entraram na casa onde o suspeito se escondia. Houve troca de tiros e o indivíduo foi morto. Na invasão, mais uma mulher e dois homens que se encontravam no local foram mortos." Mas não, não era um jornal brasileiro noticiando mais uma invasão da polícia a morros cariocas. A ação foi realizada pelos Estados Unidos e o acusado não teve direito a julgamento. Além disso outras pessoas foram assassinadas, nenhuma pertencente da invasão, o que leva a crer que a ação era destina à morte e não à captura.
Eu entendo que para as famílias dos que morreram nos atentados essa morte soe como um descanso, mais que uma vingança. Mas comemorar uma morte, festejá-la, não é algo um tanto sádico?
Fica a reflexão.




Arquivo do blog