sábado, 29 de março de 2008



Laura tinha um mundo colorido e só seu, particular.
Vivia a buscar no jardim, borboleta com asa em disfarce de flor.
Guardava pétalas, outrora comia, organizava por cores.
Como tenho amarelas, pensava.
E queria sempre mais.
Nas pequenas mãos as flores não bastavam. O bolso do vestido era solução, cesto contra vento e chão.
Correr não queria. Esconder também não. Gostava de olhar.
Podia passar horas olhando formigas, pássaros, gente.
E nuvens.
Como deve ser morar no céu?
E ansiava tocá-lo, senti-lo, respira-lo.
Os braços estendidos, a boca aberta sugando o ar, como nuvens doces de algodão.
Desejo ser um bem-te-vi! Levantar vôo do chão!
Os olhos se abriam e no verde ainda estava, e sorria.
É que o pequeno canteiro fazia dela grande girassol.



Aline Miranda.
29/11/07
04h30


Foto: Clara na Fonte do Itajuru, Cabo Frio.

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