quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nublando


Aquele grupo de amigos com suas duas filhinhas me incomodava ao mesmo tempo em que confortava. É que adoro saber o cotidiano alheio, a vida. O que farão depois da praia? Vieram de carro? É provável, havia refrigerantes e cervejas, cadeiras de sol. Ou morariam perto. Eu não tinha cadeira. Só uma canga, cheia de areia desse vento rude, canga bonita, aliás. A menor das meninas percebeu, não a beleza: É, Carol, quem não traz cadeira fica no chão. Achavam que eu não ouvia. A verdade é que não havia mais música, porém os fones continuavam em meus ouvidos. Gosto desse disfarce. Como os óculos escuros.


Também gosto de crianças. São sinceras, autênticas e emotivas. Cada qual do seu jeito. É ótimo ver uma bailarina ou um batman caminhando de mãos dadas com a mãe, pela rua. Ou se encantando com cachorrinhos que seus pais nunca querem levar para o apartamento. Crianças são luz, quando os pais as permitem.


As meninas da praia estavam com frio, uma pedira ao pai sua camisa e ficara uma graça com aquele blusão que ia até seus mínimos pés. E brincavam com o vento. Elas voavam: Cê ta parecendo o super-homem!


Uma mulher veio pedir-me que vigiasse seus pertences enquanto ia dar um mergulho. “Moça”, me chamou. Aos vinte e quatro anos sou moça? E tia? Sei que menina não chamam mais... Corajosa ela, a água deve estar gelo. Espero ter essa coragem também, não há sol.


Os pais amigos falavam de carnaval, viagens e Sesc de Grussaí. Uma beleza, eles diziam. Bem sei. Mas que farão após a praia? Não sei quantos eram, mas pensei casais, dois. Um homem para cada mulher, uma filha para cada casal. Queriam dormir juntas: “Deixa ela ir brincar lá em caaasa?”. Os pais riam, que a pequena a meia-noite acordaria querendo seus pais. Parece durona, mas deve ser manhosa. É engraçado como algumas amizades se perdem. Ou se transformam.


Um rapaz também curtia o final de tarde na praia, e me intrigava, com uma barraca dessas de armar, pequenininha. Depois, do mar, surgiu a jovem, e da barraca tirou um bebê, dormindo enroladinho. Enquanto o segurava, o possível pai desmontava o berço improvisado e juntava tudo numa bolsa. Família pequena, jovem e bonita. Ao chegar à casa a mãe daria banho no pequeno enquanto o pai prepararia algo quente para comerem. E depois de dormir o filho, ficariam de chamego ouvindo boa música, ou mesmo tv. Talvez. E o grupo de amigos com suas filhas? Que farão depois da praia? Que farei eu?


Aline Miranda. OUT/08

9 comentários:

Aline Miranda disse...

Alguém sabe como faço para que os parágrafos apareçam corretamente na postagem? Abçs!

Juliana Veiga disse...

Não sei sobre os parágrafos.. mas sobre o q fazer: apenas faça!

Giselle Veiga disse...

Adorei essa resposta aí de cima!!! =P

aline, tava com saudade das suas doces palavrinhas...imaginei a cena todinha! como sempre...o disfarce do fone é a sua cara, como o do óculos tb. Seu jeitinho...=) Gosto das suas curiosidades, do seus questionamentos e de como vc transforma eles em palavras pra gente ler.

bejins

Ju disse...

Issso, isso , isso... Se vc fosse uma câmera, Aline, seria leve, rápida e com bolinhas coloridas!

Jefferson Lucas disse...

Ai ai, tenho que suspirar quando leio-te, belas observações, quanto tempo não vou a praia... rs. Adoro-te a distância, bj

Lilo Oliveira disse...

e vc o que fez depois da praia?
rsrs
nossa adorei seu blog. Sim pois bem,depois de invadir seu orkut,não me contentei e invadi seu blog,ainda bem que invadi...me deliciei nesse pequeno "relato" de um dia na praia,a cena ficou tão clara.rsrs

Eí vou add akí,ok?!
Beijão

Anônimo disse...

"teus silêncios são pausas musicais."

Lica disse...

Lindo o que escrevestes,,,

beijocas

Caroline Tavares disse...

Também gosto de imaginar a vida das pessoas, enquanto caminho (ou caminhava)!...

(vi que você é um "seguidor" do meu blog... nem sabia q existia isso, depois me fala)

Beijo

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