sábado, 18 de julho de 2009

A mãe afegã

para rubens pereira e renata galdino

O menino não queria estar ali. Debruçava a cabeça nos braços, sobre a mesa. A mãe afagava dizendo: "O Rubens tá aqui para te ajudar, meu filho". Mas ele não estava querendo ter a aula particular: "Rubens, conversa com ele?" E lá ia eu, cheio de argumentos em meio à groselhas e bolachas que sua mãe nos trazia em bandeijas de prata e dengo.

Dei a aula. No final, falei que ele não podia tratar a mãe assim, que o estudo era importante e blablablá. A mãe agradeceu e desabafou, que o criara sozinho, o quanto era difícil, coisa e tal.

Ela era bonita, gaúcha, tão frágil que fiquei entre as condições de profissional e amante. Mas fiz o que sempre faço em situações de conflito: nada. Ela fechou a porta e saí.

Fui chamado outras vezes. Acho que ela pagava mais pelos meus sermões que pela explicação. No segundo dia dei a aula e no final nova conversa com o garoto. Na terceira aula só ensinei e fui embora, sem bolachas ou papo. Que pagasse um analista, que eu era professor e não padrasto particular!

2 comentários:

Unknown disse...

Oi Aline!

Muito legal seu blog.

Se quiser conhecer o blog da minha amiga Priscila, no qual eu também dou uns palpites, é www.buscativa.blogspot.com

Até mais, beijos.

Renata disse...

Alineeeee, demorei mais achei o post de uma de nossas 6f. Adorei, assim como adorei todo o blog. Beijoooo

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