segunda-feira, 30 de agosto de 2010

memórias

Pela janela do ônibus senti cheiro de café. E que vontade de mudar o trajeto e ir visitar minha avó em terras cabofrienses. Mas a casa virou um escritório e, infelizmente, eles não estão mais por cá.

Minha avó de nome lindo, Maria Aline, costurava pra gente. Nunca em minha vida comi panquecas como as que fazia. Meu avô, franciscano, espírito jovem e doces olhos azuis. Pescava, gostava de telejornal e rádio. Levava a mim e minha irmã na bicicleta, juntas. Nos comprava iogurtes que, de tantos, estragavam na geladeira. Deixava apoiar o pé na mesa. Vovó não gostava muito.

Tinha quintal galinha varal de arame escorado com pau janelas direto pra rua goiabeira e botões de rosa. E o tradicional café com a família toda quarta-feira. Ideia de minha mãe. E pensar que em criança às vezes tinha preguiça.

Que vontade de mudar o rumo do ônibus. Da vida. Ah esse cheiro de café que embarga.

5 comentários:

Juliana Veiga disse...

aproveitando o cheiro de café e o convite.. só li a resposta agora.. pq a gi me falou.. da próxima vez, responda no meu pra eu ler mais rápido, ok?!

até a preguiça é boa qdo a gente é criança. td parece melhor lá!

mude o rumo do ônibus e venha pra cá dia desses pra a gente tomar um café!

Bjinhos

Unknown disse...

Oi, Aline!
De onde essa veia poética? Fiz um comentário com o seu pai sobre isso.
Como não tenho o seu e-mail, estou utilizando o seu blog para parabenizá-la pelo dia de seu aniversário. Continue escrevendo assim! Está muito legal!
Beijo do primo.
Nando. (seccoazevedo@globo.com)

floratomo disse...

impreterível sensação de lembrança que o mês de agosto me dá.. like a #macondofeelings.. porque o mesmo ônibus que nos leva nos traz de volta, mas... para outro lugar!
aqueles textos são novos, e atemporais, não tem ligação com aquelas muitas páginas, a não ser que tudo não passe de uma consequência ilógica da psiquê que os expurga..

Jonas. disse...

minha proust -depois de proust-preferida... =)

Sotnas disse...

Olá Aline, tudo bem?
Belo texto este seu, eu também vez em quando sinto alguns cheiros da infância, bons cheiros e boas lembranças, por serem de um tempo em que agíamos com mais humanidade, éramos mais verdadeiros, só não sabíamos que os adultos complicavam tanto a vida e mentiam tanto, mas isto nós descobrimos depois que nos tornamos um deles, adulto! Parabéns pelo texto e tudo de bom pra você e todos ao redor, saúde, amor e paz sempre, até mais!

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