Entardecia.
A luz invadia o quarto pelas falhas da persiana semiaberta.
Segui a luz com os olhos até chegar a seus pés, os pés da cadeira, subir por sua perna, a barra branca do vestido, as mãos sobre o colo segurando o pequeno copo, e encontrar-me em seu olhar oblíquo.
Uma Capitu furtiva em meu quarto.
A flor da pele, do pelo, do álcool.
A conversa mole, a fala solta, as palavras sem sentido, só se ouvia o olhar.
Buscando-se, fugindo, pedindo.
A cachaça melada descendo doce e ardendo, deixando na boca um desejo.
Seria a força magnética ou o não estou te ouvindo bem, talvez. Mas percebi, pelo perfume, que se sentara ao meu lado. Quanto mais escurecia mais nos aproximávamos. Pra te ver melhor. Esse lobo...
Menos luz, menos culpa, mais encontro.
Seu olhar sob as sombras. Um filete de luz a iluminar seus lábios tão falantes, tela de cinema, foco na boca, iminência do Beijo. O coração palpita, todos já o sabem, é inevitável, tem vontade própria. O sonho, a espera pelo inesperado.
(Há certos momentos em que não podemos impedir um beijo).
Anoitecíamos junto ao dia.
Esse foi meu primeiro texto para a coluna do TremaLiteratura.
Aqui: do-encontro-ou-o-primeiro-daquele-casal
6 comentários:
Que delícia de texto. Construído com uma riqueza de detalhes fascinante. Nota-se que o fez inspirado em outros escritos.
Parabéns pelo post e pela coluna!
Um abraço.
seguindo sua pagina já.... :D
da uma olhada na minha e segue e puder
http://www.movimentodotogather.blogspot.com/
valeu
Me deu uma vontade de beijar...
Lindo :)
ui.. dá-me borbolescências no estômago..
Lindas!
Coloquem as vontades em práticas, são os desejos e suas realizações que giram o mundo.
;)
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