segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

cuido do meu jardim


Cuido das flores, do verde da varanda, do mato.
Gosto do mato também. Um tem pontas de flocos brancos feito espiga.
Não tiro.
Não é afinal tudo vivo?
Não é uma loucura linda dizer que planta é um ser vivo?
Me soa quase equívoco.
Vivo para mim é sinônimo de animal.
Vegetal animal.
Perco gerações cuidando das plantas.
Ganho.
Às vezes é preciso cortar os galhos secos finos, para que vejamos melhor as cores.
Para que as flores que ainda resistem à seca dos olhos de deus possam ser a memória “viva” de que há muito por brotar.
Precisamos dar motivos para deus chorar.
Corto as plantas e me sopram esses versos.
Elas.
Como gratidão.
Molho meus olhos.
Elas precisam dos olhos de deus.
Meus dedos alguns negros da terra umedecida.
Distraída cortei um ramo de pequenas flores amarelas.
Pecado original.
Eva, a jardineira fiel.
Se eu fosse flor, de certo seria amarela.
Uma amiga escreveu certa vez.
É preciso doação.
É preciso olhar além.
Viver presente.
Zelar, manter, molhar, tocar, adubar, ver crescer.
Enquanto o azul do céu teu não lhes goza,
Serena adoro.
Cuido do meu jardim como cuido de você.

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