sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

do tremor da gruta fria

de súbito despertei
(de frio
de cerveja
de espumante
de imagens
de você)
os olhos PLÁ!
abriram
e aos segundos me situei
percebi-me quase nua
sem coberta
plainando ao lado do seu corpo em sono
(repito-me em versos)
tive receio que despertasses
(não sei o porquê).
horas antes eu não sentia-me em transe alcoólico
cabeça que não libera o corpo
de pronto.
despacito
levantei-me em blusa
meu peito frio
deixei aurora a dormir
não havia mais ninguém.
uma gata dormia na rede
outra acompanhou-me
até a geladeira
dois copos d'água
quatro mulheres em casa
cios e miados
silêncio e pão na janela
tentei distrair-me do álcool
agora tão tardiamente vivo
em mim.
voltei.
o quarto tão frio
você não parecia sentir
tentei a coberta
(notei que fechara as cortinas)
você dormia por cima dela
tão entregue
tão serena
que eu não podia acordá-la
(também por aquilo do receio).
sua presença
ainda que dormindo
me trazia insônia
mas eu precisava dormir
para não vê-la acordar.
consegui cobrir uma perna
a parte canhota do corpo tremia
pensei mudar de lado
mas o corpo cansado
aconchegou-se
delicadamente
ao seu
e dormiu.
dormiu que só o notei
quando do outro acordar
(ainda não último).
mexemo-nos
aurora abraçou-me
com braços e cabelos
proibindo movimentos ao meu corpo
notei que estávamos agora
cobertas
não sei de certo quando
você nos aqueceu
pena,
não vi.
senti seu perfume
inebriou-me e desacordou-me.
acordaria uma hora mais tarde
sentindo-lhe desperta.
com receio de abrir os olhos
e saber,
abri.
(ou então,
pois não me lembro,
eu levantara outra vez
e dera de comer às fêmeas,
à caça em terreno desconhecido,
e retornando à gruta
presenciei-lhe abrir os olhos)
bom dia!
sorri sem disfarces
sem máscaras alcoólicas
deitei ao seu lado
para que não levantasses
pois que era o grande momento
(in)esperado: e depois?
e respondi-lhe junto às cigarras:
oito e meia.


trilha sonora: http://www.youtube.com/watch?v=6meCeevzWZo 

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