quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Flores com 50% de desconto

Estava em casa, sozinha, no meio da tarde fria. As 16 horas lhe traziam estranha melancolia. Todos os dias. Todas as tardes sozinhas. Chovera. Estava escuro ainda. Resolveu abrir as janelas e molhar as plantas tão poucas e frágeis como ela. Queria encher seu jardim de flores. Vermelhas.
Cantarolou se meu jardim der flor, colore minha saudade.
Tão fácil o amor.
Queria ser Alice Braga numa nightwalker, mas não sabia falar inglês. ainda não sabia.
Em breve seria.
Tudo no preto e no branco. Tão riso no pranto.
Calor no peito selvagem, massagem escura, sombra, névoa, fumaça dura.
Cerveja que deixou tudo embolado por dentro do peito, do enjoo, da vontade de dormir.
Há sempre um lado que pesa e outro lado que flutua. Tua pele é crua. É macia, não é minha, não é pura.
Mas naquela noite que eu chamei você...
Foi molhar as plantas, vestido solto, pés frios, cabeça quente.
Respirou, abriu a porta e viu.
Buscou por nome, sobrenome, apelido e telefone.
Não achou mas viu.
Give me your love, love me alive, leve me leve.E se acaso você chegasse no meu chateau e encontrasse aquela mulher que você gostou?
A vizinha coloca uma música romântico-triste para tocar.
Mas viu,
lá estava ela.
Mais uma inspiração para as letras suas. Dela.
A boca ainda sem batom, a aparência arredia, o olhar.
E as flores com 50% de desconto. Mas quem as traria?


(continua...)



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